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sábado, 30 de outubro de 2010

Questões do ENEM

Estou postando questões do ENEM na área de história a partir de 2005. Por enquanto são só algumas. Estou em fase de construção dessa postagem. Pretendo colocar o gabarito e comentar. Por agora ficaram apenas algumas questões.

Ciências Humanas e suas tecnologias
Domínios de História

ENEM 2005

1. Zuenir Ventura, em seu livro “Minhas memórias dos outros” (São Paulo: Planeta do Brasil, 2005), referindo-se ao fim da “Era Vargas” e ao suicídio do presidente em 1954, comenta: Quase como castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar no jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de Vargas (e nunca esse adjetivo foi tão próprio). Diante daquele contexto histórico, muitos estudiosos acreditam que, com o suicídio, Getúlio Vargas atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus aliados e a mente de seus inimigos.
A afirmação que aparece “entre parênteses” no comentário e uma conseqüência política que atingiu os inimigos de Vargas aparecem, respectivamente, em:
(A) a conspiração envolvendo o jornalista Carlos Lacerda é um dos elementos do desfecho trágico e o recuo da ação de políticos conservadores devido ao impacto da reação popular.
(B) a tentativa de assassinato sofrida pelo jornalista Carlos Lacerda por apoiar os assessores do presidente que discordavam de suas idéias e o avanço dos conservadores foi intensificado pela ação dos militares.
(C) o presidente sentiu-se impotente para atender a seus inimigos, como Carlos Lacerda, que o pressionavam
contra a ditadura e os aliados do presidente teriam que aguardar mais uma década para concretizar a democracia progressista.
(D) o jornalista Carlos Lacerda foi responsável direto pela morte do presidente e este fato veio impedir definitivamente a ação de grupos conservadores.
(E) o presidente cometeu o suicídio para garantir uma definitiva e dramática vitória contra seus acusadores e
oferecendo a própria vida Vargas facilitou as estratégias de regimes autoritários no país.

2. Observe as seguintes estratégias para a ocupação da Amazônia Brasileira.
I - Desenvolvimento de infraestrutura do projeto Calha Norte;
II - Exploração mineral por meio do Projeto Ferro Carajás;
III - Criação da Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia;
IV - Extração do látex durante o chamado Surto da Borracha.
A ordenação desses elementos, desde o mais antigo ao mais recente, é a seguinte:
(A) IV, III, II, I.
(B) I, II, III, IV.
(C) IV, II, I, III.
(D) III, IV, II, I.
(E) III, IV, I, II.

ENEM 2006

1. Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos asiáticos teriam chegado
a esse continente pelo Estreito de Bering, há 18 mil anos. A partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, chegando até a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios da presença humana que teriam ate 50 mil anos de idade. Validadas, as provas materiais encontradas pelos arqueólogos no Piauí
(A) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o oceano Atlântico até o Piauí há 18 mil anos.
(B) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do Norte e, depois, povoou os outros
continentes.
(C) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e, depois, cruzou o Estreito de Bering.
(D) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering ha 18 mil anos.
(E) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado há 18 mil anos.

2. Os cruzados avançavam em silencio, encontrando por todas as partes ossadas humanas, trapos e bandeiras. No meio desse quadro sinistro, não puderam ver, sem estremecer de dor, o acampamento onde Gauthier havia deixado as mulheres e crianças. Lá, os cristãos tinham sido surpreendidos pelos muçulmanos, mesmo no momento em que os sacerdotes celebravam o sacrifício da Missa. As mulheres, as crianças, os velhos, todos os que a fraqueza ou a doença conservava sob as tendas, perseguidos até os altares, tinham sido levados para a escravidão ou imolados por um inimigo cruel. A multidão dos cristãos, massacrada naquele lugar, tinha ficado sem sepultura. J. F. Michaud. História das cruzadas. São Paulo: Editora das Américas, 1956 (com adaptações).
Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de Chaaban, do ano de 492 da Hégira, que os franj* se apossaram da Cidade Santa, apos um sitio de 40 dias. Os exilados ainda tremem cada vez que falam nisso, seu olhar se esfria como se eles ainda tivessem diante dos olhos aqueles guerreiros louros, protegidos de armaduras, que espelham pelas ruas o sabre cortante, desembainhado,degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as casas, saqueando as mesquitas.
*franj = cruzados.
Amin Maalouf. As Cruzadas vistas pelos árabes. 2.ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1989 (com adaptações).
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos textos acima, que tratam das Cruzadas.
I - Os textos referem-se ao mesmo assunto — as Cruzadas, ocorridas no período medieval —, mas apresentam visões distintas sobre a realidade dos conflitos religiosos desse período histórico.
II Ambos os textos narram partes de conflitos ocorridos entre cristãos e muçulmanos durante a Idade Media e
revelam como a violência contra mulheres e crianças era prática comum entre adversários.
III Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cruzadas medievais e revelam como as disputas dessa época, apesar de ter havido alguns confrontos militares, foram resolvidas com base na ideia do respeito e da tolerância cultural e religiosa.
E correto apenas o que se afirma em:
(A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

3. O que chamamos de corte principesca era, essencialmente, o palácio do príncipe. Os músicos eram
tão indispensáveis nesses grandes palácios quanto os pasteleiros, os cozinheiros e os criados. Eles eram o que se chamava, um tanto pejorativamente, de criados de libre. A maior parte dos músicos ficava satisfeita quando tinha garantida a subsistência, como acontecia com as outras pessoas de classe média na corte; entre os que não se satisfaziam, estava o pai de Mozart. Mas ele também se curvou as circunstâncias a que não podia escapar. Norbert Elias. Mozart: sociologia de um gênio. Ed. Jorge Zahar, 1995, p. 18 (com adaptações).
Considerando-se que a sociedade do Antigo Regime dividia-se tradicionalmente em estamentos: nobreza, clero e 3.° Estado, e correto afirmar que o autor do texto, ao fazer referência a “classe média”, descreve a sociedade utilizando a noção posterior de classe social a fim de
(A) aproximar da nobreza cortesã a condição de classe dos músicos, que pertenciam ao 3.° Estado.
(B) destacar a consciência de classe que possuíam os músicos, ao contrario dos demais trabalhadores
manuais.
(C) indicar que os músicos se encontravam na mesma situação que os demais membros do 3.° Estado.
(D) distinguir, dentro do 3.° Estado, as condições em que viviam os “criados de libre” e os camponeses.
(E) comprovar a existência, no interior da corte, de uma luta de classes entre os trabalhadores manuais.

4. No principio do século XVII, era bem insignificante e quase miserável a Vila de São Paulo. Joao de Laet dava-lhe 200 habitantes, entre portugueses e mestiços, em 100 casas; a Câmara, em 1606, informava que eram 190 os moradores, dos quais 65 andavam homiziados*.
*homiziados = escondidos da justiça
Nelson Werneck Sodré. Formação histórica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1964.
Na época da invasão holandesa, Olinda era a capital e a cidade mais rica de Pernambuco. Cerca de 10%
da população, calculada em aproximadamente 2.000 pessoas, dedicavam-se ao comércio, com o qual muita
gente fazia fortuna. Cronistas da época afirmavam que os habitantes ricos de Olinda viviam no maior luxo. Hildegard Féist. Pequena história do Brasil holandês. São Paulo: Moderna, 1998 (com adaptações).
Os textos acima retratam, respectivamente, São Paulo e Olinda no inicio do século XVII, quando Olinda era maior e mais rica. São Paulo é, atualmente, a maior metrópole brasileira e uma das maiores do planeta. Essa mudança deveu-se, essencialmente, ao seguinte fator econômico:
(A) maior desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar no planalto de Piratininga do que na Zona da Mata
Nordestina.
(B) atraso no desenvolvimento econômico da região de Olinda e Recife, associado a escravidão, inexistente
em Sao Paulo.
(C) avanço da construção naval em São Paulo, favorecido pelo comércio dessa cidade com as Índias.
(D) desenvolvimento sucessivo da economia mineradora, cafeicultora e industrial no Sudeste.
(E) destruição do sistema produtivo de algodão em Pernambuco quando da ocupação holandesa.
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5. No início do século XIX, o naturalista alemão Carl Von Martius esteve no Brasil em missão cientifica para fazer observações sobre a flora e a fauna nativas e sobre a sociedade indígena. Referindo-se ao indígena, ele afirmou: “Permanecendo em grau inferior da humanidade, moralmente, ainda na infância, a civilização não o altera, nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo (...). Esse estranho e inexplicável estado do indígena americano, até o presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para concilia-lo inteiramente com a Europa vencedora e torna-lo um cidadão satisfeito e feliz.”
Carl Von Martius. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1982.
Com base nessa descrição, conclui-se que o naturalista Von Martius
(A) apoiava a independência do Novo Mundo, acreditando que os índios, diferentemente do que fazia a missão europeia, respeitavam a flora e a fauna do pais.
(B) discriminava preconceituosamente as populações originárias da América e advogava o extermínio dos
índios.
(C) defendia uma posição progressista para o século XIX: a de tornar o indígena cidadão satisfeito e feliz.
(D) procurava impedir o processo de aculturação, ao descrever cientificamente a cultura das populações
originárias da América.
(E) desvalorizava os patrimônios étnicos e culturais das sociedades indígenas e reforçava a missão “civilizadora europeia”, típica do século XIX.
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6. A moderna democracia brasileira foi construída entre saltos e sobressaltos. Em 1954, a crise culminou no
suicídio do presidente Vargas. No ano seguinte, outra crise quase impediu a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek. Em 1961, o Brasil quase chegou a guerra civil depois da inesperada renuncia do presidente Jânio Quadros. Três anos mais tarde, um golpe militar depois o presidente João Goulart, e o país viveu durante vinte anos em regime autoritário.
A partir dessas informações, relativas a história republicana brasileira, assinale a opção correta.
(A) Ao termino do governo João Goulart, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República.
(B) A renúncia de Jânio Quadros representou a primeira grande crise do regime republicano brasileiro.
(C) Após duas décadas de governos militares, Getúlio Vargas foi eleito presidente em eleições diretas.
(D) A trágica morte de Vargas determinou o fim da carreira política de João Goulart.
(E) No período republicano citado, sucessivamente, um presidente morreu, um teve sua posse contestada, um renunciou e outro foi deposto.

7. Os textos a seguir foram extraídos de duas crônicas publicadas no ano em que a seleção brasileira conquistou o tricampeonato mundial de futebol. O General Medici falou em consistência moral. Sem isso,
talvez a vitória nos escapasse, pois a disciplina consciente, livremente aceita, e vital na preparação espartana para o rude teste do campeonato. Os brasileiros portaram-se não apenas como técnicos ou profissionais, mas como brasileiros, como cidadãos deste grande pais, cônscios de seu papel de representantes de seu povo. Foi a própria afirmação do valor do homem brasileiro, como salientou bem o presidente da Republica.
Que o chefe do governo aproveite essa pausa, esse minuto de euforia e de efusão patriótica, para meditar sobre a situação do país. (...) A realidade do Brasil e a explosão patriótica do povo ante a vitória na Copa.
Danton Jobim. Última Hora, 23/6/1970 (com adaptações).
O que explodiu mesmo foi a alma, foi a paixão do povo: uma explosão incomparável de alegria, de entusiasmo, de orgulho. (...) Debruçaado em minha varanda de Ipanema, [um velho amigo] perguntava: — Será que algum terrorista se aproveitou do delírio coletivo para adiantar um plano seu qualquer, agindo com frieza e precisão? Será que, de outro lado, algum carrasco policial teve ânimo para voltar a torturar sua vitima logo que o alemão apitou o fim do jogo?
Rubem Braga. Última Hora, 25/6/1970 (com adaptações).
Avalie as seguintes afirmações a respeito dos dois textos e do período histórico em que foram escritos.
I - Para os dois autores, a conquista do tricampeonato mundial de futebol provocou uma explosão de alegria popular.
II - Os dois textos salientam o momento politico que o pais atravessava ao mesmo tempo em que conquistava o tricampeonato.
III - A época da conquista do tricampeonato mundial de futebol, o Brasil vivia sob regime militar, que, embora politicamente autoritário, não chegou a fazer uso de métodos violentos contra seus opositores.
É correto apenas o que se afirma em
(A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III.

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